O cultivo da banana
demanda grandes quantidades de nutrientes para manter um bom
desenvolvimento e obtenção de altos rendimentos, pois produz bastante
massa vegetativa e absorve e exporta elevada quantidade de nutrientes. O
potássio (K) e o nitrogênio (N) são os nutrientes mais absorvidos e
necessários para o crescimento e produção da bananeira. Em ordem
decrescente a bananeira absorve os seguintes nutrientes: macronutrientes:
K > N > Ca > Mg > S > P; micronutrientes: Cl > Mn >
Fe > Zn > B > Cu. Em média um bananal retira, por tonelada de
frutos, 1,9 kg de N; 0,23 kg de P; 5,2 kg de K; 0,22 kg de Ca e 0,30 kg de
Mg.
As quantidades de
nutrientes que retornam ao solo (pseudocaules, folhas e rizomas) após a
colheita, em um plantio de banana são consideráveis, podendo chegar a
valores máximos aproximados de 170 kg de N/ha/ciclo, 9,6 kg de
P/ha/ciclo, 311 kg de K/ha/ciclo, 126 kg de Ca/ha/ciclo, 187 kg de
Mg/ha/ciclo e 21 kg de S/ha/ciclo, na época da colheita.
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Quando um nutriente está
em deficiência, a planta expressa este desequilíbrio por sintomas
visuais que se manifestam, principalmente, por meio de alterações nas
folhas, como coloração, tamanho e outras, uma vez que este é o órgão
da planta em plena atividade fisiológica e química (Tabela 1). Além das
folhas, alguns sintomas podem ocorrer também nos cachos e frutos (Tabela
2). Assim, pode-se avaliar o estado nutricional da bananeira visualmente.
Tabela
1. Sintomas visuais de deficiências de nutrientes em folhas
da bananeira.
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Nutrientes
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Idade da
folha
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Sintomas no
limbo
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Sintomas
adicionais
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N
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Todas as idades
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Verde-claro uniforme.
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Pecíolos róseos.
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Cu
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Todas as idades
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-
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Nervura principal se dobra.
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Fe
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Jovens
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Folhas amarelas, quase
brancas.
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-
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S
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Jovens
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Folhas, inclusive nervuras,
tornam-se verde-pálidas a amarelas.
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Engrossamento das nervuras
secundárias.
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B
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Jovens
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Listras perpendiculares às
nervuras secundárias.
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Folhas deformadas (limbos
incompletos).
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Zn
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Jovens
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Faixas amareladas ao longo
das nervuras secundárias.
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Pigmentação avermelhada
na face inferior das folhas jovens.
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Ca
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Jovens
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Clorose nos bordos.
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Engrossamento das nervuras
secundárias; clorose marginal descontínua e em forma de "dentes de
serra"; diminuição do tamanho da folha.
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Mn
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Medianas
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Limbo com clorose em forma
de pente nos bordos.
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Ocorrência do fungo
Deightoniella torulosa, que pode contaminar os frutos.
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P
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Velhas
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Clorose marginal em forma
de "dentes de serra".
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Pecíolo se quebra; folhas
jovens com coloração verde-escura tendendo a azulada.
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Mg
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Velhas
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Clorose da parte interna do
limbo; nervura central e bordos permanecem verdes.
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Descolamento das bainhas.
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K
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Velhas
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Clorose amarelo-alaranjada
e necroses nos bordos.
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Limbo se dobra na ponta da
folha, com aspecto encarquilhado e seco.
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Tabela
2.
Sintomas de deficiências de nutrientes nos cachos e frutos da
bananeira.
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Nutrientes
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Sintomas
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N
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Cachos raquíticos, menor número de
pencas.
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P
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Frutos com menor teor de açúcar.
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K
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Cachos raquíticos, frutos pequenos e
finos, maturação irregular, polpa pouco saborosa.
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Ca
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Maturação irregular, frutos verdes
junto com maduros, podridão dos frutos, pouco aroma e pouco açúcar. A
sua falta pode ser uma das causas do empedramento da banana ‘Maçã’.
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Mg
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Cacho raquítico e deformado,
maturação irregular, polpa mole, viscosa e de sabor desagradável,
apodrecimento rápido do fruto.
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S
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Cachos pequenos.
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B
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Deformações do cacho,
poucos frutos e atrofiados. A sua falta pode levar ao empedramento da
banana ‘Maçã’.
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Fe
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Pencas anormais, frutos
curtos.
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Zn
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Frutos tortos e pequenos,
com ponta em forma de mamilo (Cavendish) e de cor verde-pálida.
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No entanto, a diagnose visual
é apenas uma das ferramentas para estabelecer as deficiências nutricionais
em bananeira, devendo ser complementada pelas análises químicas de solos
e folhas, que confirmarão ou não a deficiência nutricional. Segundo
a norma internacional, a folha amostrada para análise química é a terceira
a contar do ápice, com a inflorescência no estádio de todas as pencas
femininas descobertas (sem brácteas) e não mais de três pencas de flores
masculinas. Coleta-se 10 a 25 cm da parte interna mediana do limbo,
eliminando-se a nervura central. Este material deve ser acondicionado
em saco de papel e encaminhado para análise o mais rápido possível.
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Pela análise
química do solo é possível determinar os teores de nutrientes nele
existentes e assim recomendar as quantidades de calcário e de adubo que
devem ser aplicadas. Com a aplicação adequada de fertilizantes,
espera-se aumento mínimo de 50% na produtividade.
Para análise química do solo,
retirar 15 a 20 subamostras por área homogênea, nas profundidades de
0-20 cm e, se possível, de 20-40 cm, misturar bem, formar uma amostra
composta para cada profundidade e encaminhar para o laboratório, com
antecedência de 60 dias do plantio. De posse do resultado, poderão ser
realizadas as recomendações de calagem e adubação.
Calagem
Caso o laboratório não envie a recomendação de
calagem, esta pode ser calculada baseando-se na elevação da saturação
por bases para 70%, quando esta for inferior a 60%, segundo a fórmula:
onde:
V1 = saturação por bases
atual do solo
CTC = capacidade de troca catiônica do solo (cmolc/dm3)
PRNT = poder relativo de neutralização total do calcário.
A aplicação de calcário, quando recomendada, deve ser
a primeira prática a ser realizada, com antecedência mínima de 30 dias do
plantio. O calcário deve ser aplicado a lanço em toda a área, após a
aração e incorporado por meio da gradagem. Caso não seja possível o uso
da máquina, a incorporação pode ser efetuada na época da capina.
Recomenda-se o uso do calcário dolomítico, que contém cálcio (Ca) e
magnésio (Mg), evitando assim o desequilíbrio entre potássio (K) e Mg e,
conseqüentemente, o surgimento do distúrbio fisiológico "azul da
bananeira" (deficiência de Mg induzida pelo excesso de K).
Considera-se equilibrada a relação K:Ca:Mg nas proporções de 0,5:3,5:1 a
0,3:2:1.
A presença de camadas subsuperficiais com baixos teores
de Ca e/ou elevados teores de Al trocáveis leva ao menor aprofundamento do
sistema radicular, refletindo em menor volume de solo explorado, ou seja,
menos nutrientes e água disponíveis para a bananeira. O gesso agrícola
(CaSO4.2H2O) pode ser recomendado para correção de
camadas subsuperficiais, sugerindo-se aplicar a dose de 25% da necessidade
de calagem (NC), para a melhoria do ambiente radicular das camadas abaixo da
arável.
Adubação
orgânica
É a melhor
forma de fornecer nitrogênio no plantio, principalmente quando se utiliza
mudas convencionais, pois as perdas são mínimas; além disso, estimula o
desenvolvimento das raízes. Assim, deve ser usada na cova, na forma de
esterco bovino de curral (10 a 15 litros/cova) ou esterco de galinha (3 a
5 litros/cova) ou torta de mamona (2 a 3 litros/cova) ou outros compostos
disponíveis na região ou propriedade. Vale lembrar que o esterco deve
estar bem curtido para ser utilizado. A cobertura do solo com resíduos
vegetais de bananeiras (folhas e pseudocaules) pode ser uma alternativa
viável para os pequenos produtores sem condições de adubar quimicamente
seus plantios, pois aumenta os teores de nutrientes do solo,
principalmente potássio (K) e cálcio (Ca), além de melhorar suas
características físicas, químicas e biológicas.
Adubação
fosfatada
A
bananeira necessita de pequenas quantidades de fósforo (P), mas se não
aplicado, prejudica o desenvolvimento do sistema radicular da planta e,
conseqüentemente, afeta a produção. A quantidade total recomendada após
análise do solo (40 a 120 kg de P2O5/ha) deve ser
colocada na cova, no plantio. Pode ser aplicado sob as formas de superfosfato
simples (18% P2O5), superfosfato triplo (45% P2O5),
fosfato diamônico (DAP) (45% P2O5) e fosfato
monoamônico (MAP) (48% P2O5). Anualmente deve ser
repetida a aplicação, após nova análise química do solo. Solos com teores
de P acima de 30 mg/dm3 (extrator de Mehlich) dispensam a
adubação fosfatada.
Adubação nitrogenada
O nitrogênio (N) é um
nutriente muito importante para o crescimento vegetativo da planta,
recomendando-se de 160 a 400 kg de N mineral/ha/ano, dependendo da
produtividade esperada. A primeira aplicação deve ser feita em cobertura, em
torno de 30 a 45 dias após o plantio. Recomendam-se como adubos nitrogenados:
uréia (45%N), sulfato de amônio (20% N), nitrato de cálcio (14% N) e
nitrato de amônio (34%).
Adubação potássica
O potássio (K) é
considerado o nutriente mais importante para a produção de frutos de
qualidade superior. A quantidade recomendada varia de 100 a 750 kg de K2O/ha
dependendo do teor no solo. A primeira aplicação deve ser feita em
cobertura, no 3o ou 4o mês após o
plantio. Caso o teor de K no solo seja inferior a 59 mg/dm3,
iniciar a aplicação aos 30 dias, juntamente com a primeira aplicação de N.
Pode ser aplicado sob as formas de cloreto de potássio (60% K2O),
sulfato de potássio (50% K2O) e nitrato de potássio (48% K2O).
Solos com teores de K acima de 234 mg/dm3 dispensam a adubação
potássica.
Adubação com micronutrientes
O boro (B) e o
zinco (Zn) são os micronutrientes com maior freqüência de deficiência nas
bananeiras. Como fonte, aplicar no plantio 50 g de FTE BR12 por cova. Para
teores de B no solo inferiores a 0,2 mg/dm3 (extrator de água
quente), deve-se aplicar 3,5 kg de B/ha e para teores de Zn no solo inferiores
a 0,5 mg/dm3 (extrator de DTPA), recomenda-se 15 kg de Zn/ha.
Parcelamento das
adubações
O parcelamento vai depender da textura e da CTC (capacidade de troca
catiônica) do solo, bem como do regime de chuvas e do manejo adotado. Em
solos arenosos e com baixa CTC deve-se parcelar semanalmente ou
quinzenalmente. Em solos mais argilosos as adubações podem ser feitas
mensalmente ou a cada dois meses, principalmente nas aplicações via solo.
Localização dos fertilizantes
As
adubações em cobertura devem ser feitas em círculo, numa faixa de 10 a 20
cm de largura e 20 a 40 cm distante da muda, aumentando-se a distância com a
idade da planta. No bananal adulto os adubos são distribuídos em meia-lua em
frente à planta filha e neta. Em terrenos inclinados, a adubação deve ser
feita em meia-lua, do lado de cima da cova e ligeiramente incorporada ao solo.
Em casos de plantios muito adensados e em terrenos planos, a adubação pode
ser feita a lanço, nas ruas. Em plantios irrigados os fertilizantes podem ser
aplicados via água de irrigação.
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