domingo, 2 de junho de 2013

ADUBAÇÃO DE BANANAL

Adubação

Nutrição, calagem e adubação
Exigências nutricionais
O cultivo da banana demanda grandes quantidades de nutrientes para manter um bom desenvolvimento e obtenção de altos rendimentos, pois produz bastante massa vegetativa e absorve e exporta elevada quantidade de nutrientes. O potássio (K) e o nitrogênio (N) são os nutrientes mais absorvidos e necessários para o crescimento e produção da bananeira. Em ordem decrescente a bananeira absorve os seguintes nutrientes: macronutrientes: K > N > Ca > Mg > S > P; micronutrientes: Cl > Mn > Fe > Zn > B > Cu. Em média um bananal retira, por tonelada de frutos, 1,9 kg de N; 0,23 kg de P; 5,2 kg de K; 0,22 kg de Ca e 0,30 kg de Mg.
As quantidades de nutrientes que retornam ao solo (pseudocaules, folhas e rizomas) após a colheita, em um plantio de banana são consideráveis, podendo chegar a valores máximos aproximados de 170 kg de N/ha/ciclo, 9,6 kg de P/ha/ciclo, 311 kg de K/ha/ciclo, 126 kg de Ca/ha/ciclo, 187 kg de Mg/ha/ciclo e 21 kg de S/ha/ciclo, na época da colheita.
Sintomas de deficiências
Quando um nutriente está em deficiência, a planta expressa este desequilíbrio por sintomas visuais que se manifestam, principalmente, por meio de alterações nas folhas, como coloração, tamanho e outras, uma vez que este é o órgão da planta em plena atividade fisiológica e química (Tabela 1). Além das folhas, alguns sintomas podem ocorrer também nos cachos e frutos (Tabela 2). Assim, pode-se avaliar o estado nutricional da bananeira visualmente.

Tabela 1. Sintomas visuais de deficiências de nutrientes em folhas da bananeira.
Nutrientes
Idade da folha
Sintomas no limbo
Sintomas adicionais
N
Todas as idades
Verde-claro uniforme.
Pecíolos róseos.
Cu
Todas as idades
-
Nervura principal se dobra.
Fe
Jovens
Folhas amarelas, quase brancas.
-
S
Jovens
Folhas, inclusive nervuras, tornam-se verde-pálidas a amarelas.
Engrossamento das nervuras secundárias.
B
Jovens
Listras perpendiculares às nervuras secundárias.
Folhas deformadas (limbos incompletos).
Zn
Jovens
Faixas amareladas ao longo das nervuras secundárias.
Pigmentação avermelhada na face inferior das folhas jovens.
Ca
Jovens
Clorose nos bordos.
Engrossamento das nervuras secundárias; clorose marginal descontínua e em forma de "dentes de serra"; diminuição do tamanho da folha.
Mn
Medianas
Limbo com clorose em forma de pente nos bordos.
Ocorrência do fungo Deightoniella torulosa, que pode contaminar os frutos.
P
Velhas
Clorose marginal em forma de "dentes de serra".
Pecíolo se quebra; folhas jovens com coloração verde-escura tendendo a azulada.
Mg
Velhas
Clorose da parte interna do limbo; nervura central e bordos permanecem verdes.
Descolamento das bainhas.
K
Velhas
Clorose amarelo-alaranjada e necroses nos bordos.
Limbo se dobra na ponta da folha, com aspecto encarquilhado e seco.

Tabela 2. Sintomas de deficiências de nutrientes nos cachos e frutos da bananeira.
Nutrientes
Sintomas
N
Cachos raquíticos, menor número de pencas.
P
Frutos com menor teor de açúcar.
K
Cachos raquíticos, frutos pequenos e finos, maturação irregular, polpa pouco saborosa.
Ca
Maturação irregular, frutos verdes junto com maduros, podridão dos frutos, pouco aroma e pouco açúcar. A sua falta pode ser uma das causas do empedramento da banana ‘Maçã’.
Mg
Cacho raquítico e deformado, maturação irregular, polpa mole, viscosa e de sabor desagradável, apodrecimento rápido do fruto.
S
Cachos pequenos.
B
Deformações do cacho, poucos frutos e atrofiados. A sua falta pode levar ao empedramento da banana ‘Maçã’.
Fe
Pencas anormais, frutos curtos.
Zn
Frutos tortos e pequenos, com ponta em forma de mamilo (Cavendish) e de cor verde-pálida.
No entanto, a diagnose visual é apenas uma das ferramentas para estabelecer as deficiências nutricionais em bananeira, devendo ser complementada pelas análises químicas de solos e folhas, que confirmarão ou não a deficiência nutricional. Segundo a norma internacional, a folha amostrada para análise química é a terceira a contar do ápice, com a inflorescência no estádio de todas as pencas femininas descobertas (sem brácteas) e não mais de três pencas de flores masculinas. Coleta-se 10 a 25 cm da parte interna mediana do limbo, eliminando-se a nervura central. Este material deve ser acondicionado em saco de papel e encaminhado para análise o mais rápido possível.

Recomendações de calagem e adubação
Pela análise química do solo é possível determinar os teores de nutrientes nele existentes e assim recomendar as quantidades de calcário e de adubo que devem ser aplicadas. Com a aplicação adequada de fertilizantes, espera-se aumento mínimo de 50% na produtividade.
Para análise química do solo, retirar 15 a 20 subamostras por área homogênea, nas profundidades de 0-20 cm e, se possível, de 20-40 cm, misturar bem, formar uma amostra composta para cada profundidade e encaminhar para o laboratório, com antecedência de 60 dias do plantio. De posse do resultado, poderão ser realizadas as recomendações de calagem e adubação.
Calagem
Caso o laboratório não envie a recomendação de calagem, esta pode ser calculada baseando-se na elevação da saturação por bases para 70%, quando esta for inferior a 60%, segundo a fórmula:
onde:
V1 = saturação por bases atual do solo
CTC = capacidade de troca catiônica do solo (cmolc/dm3)
PRNT = poder relativo de neutralização total do calcário.
A aplicação de calcário, quando recomendada, deve ser a primeira prática a ser realizada, com antecedência mínima de 30 dias do plantio. O calcário deve ser aplicado a lanço em toda a área, após a aração e incorporado por meio da gradagem. Caso não seja possível o uso da máquina, a incorporação pode ser efetuada na época da capina. Recomenda-se o uso do calcário dolomítico, que contém cálcio (Ca) e magnésio (Mg), evitando assim o desequilíbrio entre potássio (K) e Mg e, conseqüentemente, o surgimento do distúrbio fisiológico "azul da bananeira" (deficiência de Mg induzida pelo excesso de K). Considera-se equilibrada a relação K:Ca:Mg nas proporções de 0,5:3,5:1 a 0,3:2:1.
A presença de camadas subsuperficiais com baixos teores de Ca e/ou elevados teores de Al trocáveis leva ao menor aprofundamento do sistema radicular, refletindo em menor volume de solo explorado, ou seja, menos nutrientes e água disponíveis para a bananeira. O gesso agrícola (CaSO4.2H2O) pode ser recomendado para correção de camadas subsuperficiais, sugerindo-se aplicar a dose de 25% da necessidade de calagem (NC), para a melhoria do ambiente radicular das camadas abaixo da arável.
Adubação orgânica
É a melhor forma de fornecer nitrogênio no plantio, principalmente quando se utiliza mudas convencionais, pois as perdas são mínimas; além disso, estimula o desenvolvimento das raízes. Assim, deve ser usada na cova, na forma de esterco bovino de curral (10 a 15 litros/cova) ou esterco de galinha (3 a 5 litros/cova) ou torta de mamona (2 a 3 litros/cova) ou outros compostos disponíveis na região ou propriedade. Vale lembrar que o esterco deve estar bem curtido para ser utilizado. A cobertura do solo com resíduos vegetais de bananeiras (folhas e pseudocaules) pode ser uma alternativa viável para os pequenos produtores sem condições de adubar quimicamente seus plantios, pois aumenta os teores de nutrientes do solo, principalmente potássio (K) e cálcio (Ca), além de melhorar suas características físicas, químicas e biológicas.
Adubação fosfatada
A bananeira necessita de pequenas quantidades de fósforo (P), mas se não aplicado, prejudica o desenvolvimento do sistema radicular da planta e, conseqüentemente, afeta a produção. A quantidade total recomendada após análise do solo (40 a 120 kg de P2O5/ha) deve ser colocada na cova, no plantio. Pode ser aplicado sob as formas de superfosfato simples (18% P2O5), superfosfato triplo (45% P2O5), fosfato diamônico (DAP) (45% P2O5) e fosfato monoamônico (MAP) (48% P2O5). Anualmente deve ser repetida a aplicação, após nova análise química do solo. Solos com teores de P acima de 30 mg/dm3 (extrator de Mehlich) dispensam a adubação fosfatada.
Adubação nitrogenada
O nitrogênio (N) é um nutriente muito importante para o crescimento vegetativo da planta, recomendando-se de 160 a 400 kg de N mineral/ha/ano, dependendo da produtividade esperada. A primeira aplicação deve ser feita em cobertura, em torno de 30 a 45 dias após o plantio. Recomendam-se como adubos nitrogenados: uréia (45%N), sulfato de amônio (20% N), nitrato de cálcio (14% N) e nitrato de amônio (34%).
Adubação potássica 
O potássio (K) é considerado o nutriente mais importante para a produção de frutos de qualidade superior. A quantidade recomendada varia de 100 a 750 kg de K2O/ha dependendo do teor no solo. A primeira aplicação deve ser feita em cobertura, no 3o ou 4o mês após o plantio. Caso o teor de K no solo seja inferior a 59 mg/dm3, iniciar a aplicação aos 30 dias, juntamente com a primeira aplicação de N. Pode ser aplicado sob as formas de cloreto de potássio (60% K2O), sulfato de potássio (50% K2O) e nitrato de potássio (48% K2O). Solos com teores de K acima de 234 mg/dm3 dispensam a adubação potássica.
Adubação com micronutrientes
O boro (B) e o zinco (Zn) são os micronutrientes com maior freqüência de deficiência nas bananeiras. Como fonte, aplicar no plantio 50 g de FTE BR12 por cova. Para teores de B no solo inferiores a 0,2 mg/dm3 (extrator de água quente), deve-se aplicar 3,5 kg de B/ha e para teores de Zn no solo inferiores a 0,5 mg/dm3 (extrator de DTPA), recomenda-se 15 kg de Zn/ha.
Parcelamento das adubações
O parcelamento vai depender da textura e da CTC (capacidade de troca catiônica) do solo, bem como do regime de chuvas e do manejo adotado. Em solos arenosos e com baixa CTC deve-se parcelar semanalmente ou quinzenalmente. Em solos mais argilosos as adubações podem ser feitas mensalmente ou a cada dois meses, principalmente nas aplicações via solo.
Localização dos fertilizantes
As adubações em cobertura devem ser feitas em círculo, numa faixa de 10 a 20 cm de largura e 20 a 40 cm distante da muda, aumentando-se a distância com a idade da planta. No bananal adulto os adubos são distribuídos em meia-lua em frente à planta filha e neta. Em terrenos inclinados, a adubação deve ser feita em meia-lua, do lado de cima da cova e ligeiramente incorporada ao solo. Em casos de plantios muito adensados e em terrenos planos, a adubação pode ser feita a lanço, nas ruas. Em plantios irrigados os fertilizantes podem ser aplicados via água de irrigação.

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