sábado, 8 de junho de 2013

ABACATEIRO

Abacate

O abacateiro tem vida longa e oferece frutos saborosos – ricos em vitaminas, sais minerais e outras substâncias benéficas à saúde

Texto João Mathias*
Consultor Tadeu Graciolli Guimarães*



Se dependesse da cor da casca, o abacate (Persea americana L.) jamais seria consumido. Algumas variedades da fruta conservam o tom verde em todas as etapas de seu cultivo até a venda no varejo. Outras possuem coloração arroxeada, que pode evoluir para o marrom. Para saber se está madura, a consistência da fruta deve estar menos firme, cedendo ao toque dos dedos. Quando aberta, revela uma polpa amarelo-esverdeada, macia, saborosa e muito apreciada no mercado.
Dotado de benefícios, o abacate é rico em vitaminas, minerais como ferro, cálcio e fósforo, fibras solúveis, fitoesteróis e lipídios (óleo). Monoinsaturados, os lipídios auxiliam na redução dos níveis do colesterol ruim e na elevação do colesterol bom. Entre as frutas frescas, o abacate é o mais rico em proteínas, podendo auxiliar em dietas que visem ao aumento da massa muscular.
Os brasileiros estão mais acostumados a consumir abacate in natura ou batido com leite, mas a fruta pode ser ingrediente de outras receitas culinárias. Em países como México, Peru, Venezuela e Espanha, o uso mais comum do abacate é em forma de saladas, acompanhando pratos salgados.
Com comprimento que varia de 15 a 20 centímetros e peso que atinge até 1,5 quilo, a fruta tem formato oval e possui caroço grande e liso. A árvore que dá origem ao abacate tem copa aberta, ramos bifurcados e altura que pode chegar a 20 metros, além de muita longevidade. Em plantas de pé--franco (mudas obtidas do plantio de sementes, sem enxertia), o florescimento e a frutificação iniciam-se em torno dos cinco anos de idade, enquanto que, em plantas enxertadas, a produção de frutos pode começar dois anos após o plantio.
O principal centro de origem do abacateiro localiza-se no México e na América Central, estendendo-se até Colômbia, Venezuela, Equador e Peru. Nos séculos XVI e XVII, a planta foi introduzida aqui, mais especificamente no estado do Rio de Janeiro. Fruteira de clima subtropical, adaptou-
-se aos diferentes climas e solos existentes no país, o que justifica sua ampla distribuição pelo território. Plantios comerciais se destacam nos estados de São Paulo, onde está o maior volume de produção, e Minas Gerais.
RAIO X
SOLO: rico em matéria orgânica, adubado, permeável e profundo
CLIMA: subtropical ou tropical úmido, com temperaturas diurnas entre 18 e 25 graus célsius e noturnas entre 12 e 20 graus célsius
ÁREA MÍNIMA: duas plantas de tipos florais diferentes em quintais de residências ou até mesmo em vasos em coberturas de apartamento; no caso de uma planta, é importante assegurar a existência de outro tipo floral na vizinhança
COLHEITA: em plantas enxertadas e bem cuidadas, a produção de frutos começa dois anos após o plantio
CUSTO: O preço das mudas varia entre R$ 5 e R$ 20, de acordo com o porte da planta, a variedade, o mercado local e a distância do viveiro
MÃOS À OBRA
>>> INÍCIO adquira mudas de qualidade, de viveiros certificados. Escolha cultivares com processo de polinização diferente entre si, para que haja frutificação quando atingirem a idade adulta. Enquanto variedades como simmonds, fortuna, ouro-verde e wagner têm as flores abertas pela manhã, outras como pollock, quintal e linda abrem somente à tarde.
>>> PROPAGAÇÃO plante as sementes do porta-enxerto em sacos plásticos de 20 cm de diâmetro por 40 cm de altura, em substrato composto por duas partes de terra argilosa e uma de esterco a 5 centímetros de profundidade. Mantenha as plantas em ambiente arejado e com sombreamento moderado, com cerca de 50% de luminosidade. Quando o caule tiver um centímetro de espessura e altura de 10 a 15 centímetros do solo, faça a enxertia com os ramos de matrizes. Elimine o caule do porta-enxerto por meio de um corte em bisel (inclinado) e, no tecido exposto, una o ramo da planta matriz também cortado em bisel. Cubra com plástico para não perder umidade até começar a brotação, entre 30 e 40 dias.
>>> TRANSPLANTE deve ser feito no início da estação chuvosa, assim que a muda atingir de 40 a 50 centímetros de altura, o que leva entre 10 e 18 meses após a semeadura. Para cultivares de copa frondosa, recomenda-se espaçamento de 10 m x 10 m, enquanto para plantas que possuem copa menos vigorosa, ou que se pretende podar regularmente, de 6 m x 7 m.
>>> AMBIENTE a área de plantio deve contar com solo permeável, profundo e adubado, além de ser um local arejado e, ao mesmo tempo, com proteção contra rajadas de vento e ocorrências de geadas.
>>> CUIDADOS realize podas de limpeza da copa para aumentar o arejamento e evite irrigação em excesso. A irrigação é importante especialmente em períodos de elevadas temperaturas. Deve-se irrigar uma vez por semana. No inverno, pode ser suspensa por dois meses. Recomenda-se usar cobertura morta de palha ou capim seco em volta da planta, sem, no entanto, cobrir a base do tronco.
>>> POLINIZAÇÃO apesar de serem hermafroditas - flores masculinas e femininas na mesma inflorescência -, as variedades de abacate apresentam comportamentos distintos quanto ao período do dia no qual ocorre abertura das flores. Algumas cultivares abrem as flores femininas pela manhã e as masculinas à tarde, enquanto outras apresentam comportamento inverso. Assim, no pomar de abacateiro é preciso ter dois tipos da planta para garantir a fecundação das flores.
>>> PRODUÇÃO os abacates não amadurecem na árvore, por isso, quando algumas frutas começarem a cair, está na hora da colheita. No entanto, a colheita só ocorre a partir do terceiro ano de cultivo e dura de dois a três meses.

*Tadeu Graciolli Guimarães é engenheiro agrônomo, doutor em fitotecnia, pesquisador em fruticultura da Embrapa Cerrados, BR-020, km 18, C.P. 08223, Planaltina, DF, CEP 73310-970, tel. (61) 3388-9864, graciolli@cpac.embrapa.br
Onde comprar: secretarias de agricultura das prefeituras indicam viveiristas credenciados
Mais informações: IAC-APTA - Centro de Fruticultura do Instituto Agronômico, tel. (11) 4582-7284; e Portal Toda Fruta (www.todafruta.com.br), da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Unesp (Universidade Estadual Paulista), Jaboticabal, SP

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