VANTAGENS DA PUPUNHA NA PRODUÇÃO DE PALMITO
Rusticidade. Não é muito exigente em solos, mas se desenvolve melhor com a adubação. Precisa de água para crescer, porém, não tolera encharcamento. Clima quente, úmido e precipitação pluviométrica (chuvas) bem distribuída, ou seja, acima de 1.600 milímetros por ano. Racionalidade no cultivo, possibilidade de colheita em quase todos os meses do ano. Vigor e rápido crescimento, precocidade em produzir: o primeiro corte acontece a partir de 18 meses do plantio. Perfilhamento, ou seja, a planta forma touceira como a bananeira e, após o primeiro corte, os filhotes crescem permitindo produção permanente. Isso não acontece com a espécie juçara pois, ao se retirar o palmito, mata-se a planta.
Baixos índices de substâncias oxidantes, o que proporciona alterações mínimas no sabor e no aroma do palmito, além de demorar a escurecer. Apesar de o sabor do palmito da pupunheira ser um pouco mais adocicado e sua coloração mais amarelada do que as espécies tradicionais, juçara e açaí, essas diferenças ficam quase imperceptíveis após seu processamento, sendo bem aceito.
DA PUPUNHA APROVEITA-SE QUASE TUDO
Os frutos, ricos em vitamina A e em amido (carboidratos), podem ser consumidos ao natural, cozidos em água ou fermentado na água para refresco. Deles, ainda pode se obter vinho, vinagre, manteiga, azeite, além de excelente farinha para consumo ao natural ou o preparo de mingaus, bolos e outros pratos.
Do mesocarpo, ou seja, da polpa dos frutos preparam-se picles. As folhas, o tronco, inclusive os frutos, são usados na ração animal. Do tronco pode-se extrair a celulose. Sua madeira também é aproveitada por ser de grande resistência e elasticidade. A parte apical, de onde se extrai o palmito, é macia e de sabor suave. Chama-se palmito a parte cilíndrica, localizada na parte superior da estipe, representada pelo conjunto de bainhas das folhas, em cujo centro se encontra a parte comestível.
Por isso tudo e também porque a atividade palmiteira extrativista do Brasil está esgotando estoques naturais, a pupunha apresenta potencialidade para a exploração racional do palmito, com objetivos econômicos.
CUSTOS DE IMPLANTAÇÃO
Os custos de implantação, variam de acordo com as condições logísticas e edafoclimáticas da propriedade
ESCOLHA DA ÁREA
O terreno deve ter de preferência relevo plano ou ondulado e a declividade ser, no máximo, de 15 por cento. Apesar de a pupunheira ter origem em região tropical, com altas precipitações de chuvas e solos pobres, seu crescimento é melhor quanto mais fértil for a terra. Portanto, o solo deve ser profundo, bem-drenado, de textura média e não compactado.
RECOMENDAÇÕES PARA O CULTIVO
A pupunha é obtida a partir de semente. A muda é formada em viveiro e é plantada no campo a pleno sol. Para iniciar o cultivo, as sementes devem ser adquiridas de fornecedores que garantam pelo menos 70% de germinação. Dessas, admite-se que até 6% gerem plantas com espinhos. As mudas com espinhos, as sementes atacadas por fungos ou insetos e aquelas que não germinaram em até 120 dias após a semeadura devem ser descartadas. De um quilo, com aproximadamente 340 sementes, podem-se formar, no mínimo, 200 mudas sem espinhos.
De 6 a 10 meses depois da semeadura, dependendo das características das mudas, da condição do viveiro, das perdas e descartes, deve-se plantar cerca de 200 mudas no local definitivo. As plantas de melhor desenvolvimento podem ser reservadas para a produção própria de sementes. É preciso fazer o plantio das sementes rapidamente, para que elas não percam o poder germinativo. Mantendo-as úmidas e arejadas, é possível retardar a semeadura por três a quatro semanas, mas deve-se ter mais cuidado no manuseio para não danificar os embriões de sementes em início de germinação.
COMO PRODUZIR MUDAS E APROVEITAR MELHOR AS SEMENTES
Cada pupunheira produz de cinco a oito cachos por ano, que podem dar até 350 frutos por cacho. O período de frutificação normalmente vai de janeiro a abril. Colha os frutos quando estiverem passando do verde para a cor amarela ou vermelha, de plantas matrizes sem espinhos, sadias e que produzam perfilhos. Assim que colher os frutos, selecione os de bom aspecto e não atacados por fungos e pragas. Corte os frutos, retire as sementes e lave-as em água corrente (em saco de aniagem) ou deixe-as de molho por 48 horas, com troca de água a cada 24 horas. Descarte aquelas que boiarem. Retire os resíduos da polpa, esfregando as semente em peneira de malha grossa. Em seguida, trate as sementes com água sanitária a 50%, por 15 minutos. Lave-as em água corrente durante cerca de 10 minutos e deixe-as secar à sombra por um dia. Semeie o mais rápido possível, pois com a secagem as sementes perdem rapidamente o poder germinativo.
SEMEADURA
A semeadura pode ser feita de três modos: em pequena escala, diretamente em sacos plásticos pretos colocados em viveiros; em tubete, um recipiente plástico; ou, ainda, em germinador de areia. O tubete é mais utilizado na região do Planalto. Esse recipiente recebe, aproximadamente, de 230 a 350 mililitros de substrato apropriado.
O tubete plástico só é viável se a produção de mudas for continua, devido ao custo dele próprio, da mesa e da sombrite, sendo utilizado por viveiristas. As regas devem ser planejadas e o transplante ser feito quando a plantinha tiver com três ou quatro folhas.
COMO SEMEAR EM GERMINADOR DE AREIA
O local para essa semeadura deve estar à meia sombra, ser bem-drenado, não sujeito a enxurradas ou enchentes e protegido de animais. Construa o canteiro com 1,0 a 1,20 metro de largura. O comprimento será de acordo com a quantidade de sementes. Cada metro quadrado de superfície comporta quatro quilos de sementes, no máximo. Se houver espaço disponível, pode-se reduzir essa quantidade para facilitar o manejo. Prepare o leito do canteiro com uma camada, de 10 a 15 centímetros de altura, de areia grossa de rio ou mistura de areia com até 50% de serragem de madeira curtida, sem cavacos ou maravalhas. Se preciso, proteja as bordas da sementeira com madeira ou similar. Espalhe sobre o substrato, ou seja, sobre o leito de areia ou mistura, uma camada uniforme de sementes, de modo que fiquem lado a lado. Pressione as sementes levemente, para aderirem ao canteiro. Cubra-as com 2,5 a 3,0 centímetros de areia ou mistura, isto é, substrato. Cubra a sementeira com folhas de palmeira, a uma altura de 50 centímetros do solo.
Regue a sementeira, dia sim, dia não, com regador ou mangueira de esguicho fino, de preferência de manhã cedo. O início da germinação ocorre a partir de 30 dias e se estende até cerca de 120 dias a pós a semeadura. Depois desse período, descarte as sementes que não germinaram, pois darão plantas fracas.
SAIBA TRANSPLANTAR AS MUDAS
Após as plantinhas atingirem de um a dois centímetros, descarte as que tiverem espinhos, pois já é possível observar isso, e transplante as outras para os sacos plásticos pretos de 15 a 17 cm de largura por 25 cm de altura, por 0,08 cm de espessura. Podem também ser utilizados sacos plásticos menores, no entanto, a muda deverá ser transplantada, no máximo, até 6 meses de viveiro.
Retire as plantinhas com muito cuidado do germinador. Para isso, tire uma de suas paredes laterais. Pegue as mudinhas, colocando as duas mãos em forma de concha por baixo das raízes, desembaraçando-as. Tenha o cuidado de conservar as sementes aderidas às plantas, para não enfraquecer as mudas. Coloque as mudas nos sacos plásticos.
VEJA COMO ENVIVEIRAR
Os sacos plásticos devem estar cheios com três partes de terra de superfície e uma parte de esterco ou composto orgânico bem curtidos. Se utilizar cama de galinha, reduza a quantidade do composto pela metade. A terra não deve ser muito argilosa e nem arenosa para permitir a boa formação de torrão e a drenagem da água.
Caso utilize terra de barranco ou subsolo, é necessário enriquecer a mistura acrescentando 2,5 quilos de superfosfato simples, 250 gramas de cloreto de potássio e 1,5 quilo de calcário dolomítico por metro cúbico de solo. Essa recomendação é válida para os solos do Litoral e do Vale do Ribeira.
Com um chuço de madeira (pedaço de cabo de vassoura apontado), faça um buraco profundo, que caiba bem as raízes com a semente aderida. Aperte delicadamente o saquinho plástico entre as mãos para aderir a terra às raízes. Regue as plantinhas em seguida e todos os dias até o pegamento da muda, uma ou duas semanas, de preferência pela manhã. Ponha as mudas em canteiros com 1,20 metro de largura, usando um comprimento adequado para um bom manejo do viveiro. No fundo do canteiro, faça uma camada de cinco centímetros de areia, para facilitar a drenagem. Proteja as bordas do canteiro com bambu, ripas, tijolo ou outro material disponível. Deixe corredores de 60 centímetros entre os canteiros. Mantenha as mudas enviveiradas, durante aproximadamente seis meses, com 50% de sombra, que deve ser retirada, progressivamente, à medida que a plantinha se desenvolve.
A muda pronta para o transplante ao local definitivo deve ter três ou quatro folhas, 20 a 30 centímetros de altura, estar livre de pragas e doenças e estar bem-aclimatada, isto é, acostumada ao sol.
As mudas podem ser enviveiradas a pleno sol. Entretanto, nessa condição elas necessitam de um controle de umidade constante, podendo ocorrer maiores perdas.
CAPRICHE NO PREPARO DO TERRENO
Para receber as mudas, o terreno precisa estar bem preparado.
O primeiro passo é retirar amostras da terra da área, para análise do solo e fazer uma calagem na área total, com base nos resultados da análise. Repita a análise a cada três anos, para verificar as necessidades do solo, principalmente de calcário.
Marque as linhas de plantio no sentido Leste-Oeste, quando o relevo do terreno for plano. Plante em curva de nível, quando o terreno for acidentado. O terreno pode ser preparado mecanicamente com uma aração e uma gradagem, com sulcos de dois em dois metros, com sulcador de cana, desde que a topografia permita.
O primeiro passo é retirar amostras da terra da área, para análise do solo e fazer uma calagem na área total, com base nos resultados da análise. Repita a análise a cada três anos, para verificar as necessidades do solo, principalmente de calcário.
Marque as linhas de plantio no sentido Leste-Oeste, quando o relevo do terreno for plano. Plante em curva de nível, quando o terreno for acidentado. O terreno pode ser preparado mecanicamente com uma aração e uma gradagem, com sulcos de dois em dois metros, com sulcador de cana, desde que a topografia permita.
Ao invés de sulcos, podem-se fazer covas. Essa prática é a mais comum nas regiões do Litoral Paulista e Vale do Ribeira. As covas devem ter 30 x 30 x 30 centímetros ou 40 x 40 x 40 centímetros, em solos mais pesados.
Para a produção de palmito, o espaçamento é de 2 por 1 metro ou de 1,5 por 1 metro em áreas mais inclinadas, e de 8 por 4 metros quando o objetivo for a produção de sementes.
No plantio em covas, misture à terra de superfície dois a cinco litros de esterco de curral curtido ou outra fonte de matéria orgânica e 100 gramas de superfosfato simples. Encha a cova com essa mistura, no mínimo, 30 dias antes do transplante das mudas.
PLANTIO NO CAMPO
O plantio da pupunha é feito em áreas a pleno sol, de preferência na época chuvosa e através de mudas, cerca de 5 mil por hectare.
Para implantar a cultura em áreas mais secas, evite os dias muito frios. Escolha um dia nublado ou chuvoso para que a planta se adapte melhor.
A pupunha apresenta certa exigência da água disponível. Em regiões onde a incidência de chuvas é baixa necessita ser irrigada, e em zonas com índice pluviométrico elevado, o desenvolvimento da planta é maior e, em conseqüência, antecipa o primeiro corte de palmito.
O ideal é que a pupunha seja cultivada em regiões de até 800 metros de altitude, quando terá crescimento normal. A temperatura média ideal é igual ou maior a 22 graus centígrados. A pupunha não suporta geadas quando as plantas estão jovens, com 20 a 50 centímetros.
PRINCIPAIS TRATOS CULTURAIS
Conserve a plantação livre de ervas daninhas, fazendo roçadas periódicas, ou usando cobertura de leguminosas ou herbicidas.
As leguminosas, como o amendoim silvestre (Arachis pintoi), desenvolvem bactérias que permitem a fixação do nitrogênio, podendo, inclusive, ser inoculadas na semente. Essa prática reduz a necessidade de adubação nitrogenada.
Não se recomenda capina manual ou mecânica, pois as raízes dessa palmeira são muito superficiais. Por esse motivo, a pupunha é muito afetada pela competição com as ervas daninhas, principalmente gramíneas. Corrija a acidez do solo com calcário dolomítico, elevando a 50% a “saturação por bases” (V%). É possível reduzir as doses de Nitrogênio (N) em 30%, a partir do quarto ano desde que os restos culturais fiquem no terreno, como folhas, estipes e bainhas.
A adubação deve ser feita com base na análise do solo, seguindo-se orientação do BOLETIM 100 do IAC., e parcelada o mais possível. É preciso adubar, pois os nutrientes retirados da terra quando se corta o palmito devem ser repostos, para não diminuir sua fertilidade. Evite fazer a adubação na época fria e seca, quando a planta paralisa seu crescimento. Complemente as adubações com aplicações de Enxofre (S) e Boro (B), nas dosagens recomendadas pela análise do solo.
Produtores rurais têm utilizado, com bons resultados, fórmulas de adubação 30-05-10, 20-05-20 e 20-05-15, parceladas em quatro ou cinco vezes ao ano e usando 50 gramas para cada aplicação.
Em regiões com baixa precipitação (abaixo de 1.600 mm/ano) ou chuvas mal distribuídas, torna-se necessário o uso de irrigação para máxima produtividade. Ainda não há dados definitivos de pesquisa a esse respeito. Resultados preliminares indicam que o coeficiente de cultura (Kc) está em torno de 0,80 a 1,00. Na prática, verifica-se a necessidade de uma lâmina d’água efetiva de 4 a 8 mm/dia. O custo de irrigação, usando o tipo canhão, tem variado entre 1.300 a 1.600 dólares/ha. Para sistemas mais sofisticados, como a microaspersão, o gotejamento e o pivô central, os gastos são da ordem de 2.200 a 2.600 dólares/ha.
A doença mais comum é a antracnose, com as mudas vindo contaminadas do viveiro. O fungo Fusarium foi relatado em mudas e plantas adultas na região do Vale do Ribeira (SP). Mortes de plantas devido à bactéria Erwinia têm sido reportadas também nessa região. Adubação balanceada, cuidados com a drenagem do solo e ausência de competição por gramíneas, auxiliam na fitossanidade.
No campo, pode ocorrer o ataque de um coleóptero grande do gênero Rhyncophorus e outros menores dos gêneros Strategus e Metamasius. Faz-se o controle desses insetos através de iscas feitas com tronco secionado de bananeira ou da própria pupunheira, sobre o qual se espalha uma mistura de melaço de cana (atrativo) e um inseticida específico. Há relatos do ataque de cupins às plantas jovens de pupunha em regiões bastante infestadas com esses insetos.
Fator importantíssimo é a sanidade das mudas em viveiro e uma boa seleção das plantas a serem levadas ao campo. Mudas com sintomas de doenças passadas, ou fora do padrão, não devem ser plantadas no campo e o solo do saquinho não pode ser reaproveitado.
Tem sido relatada também a ocorrência de morte da planta-mãe com sintoma bastante semelhante ao causado por Erwinia (apodrecimento do palmito, cheiro desagradável e presença de larvas de moscas no material apodrecido). No entanto, isolamento de grande quantidade de material com o mesmo sintoma, não detectou nenhuma bactéria ou fungo fitopatogênico. Por sua vez, a ocorrência dos sintomas está sempre associada aos seguintes caracteres: época de verão com chuvas de moderadas a intensas, plantas em fase de crescimento acentuado ( 8 a 18 meses do campo), cultivadas em solos ácidos (V de 10 a 25%), nos quais foi feita calagem elevada (V de 70 a 90%) somente na cova, seguida de aplicações parceladas apenas de adubo nitrogenado. Muitas vezes, apenas a planta-mãe é atingida, com os perfilhos apresentando desenvolvimento aparentemente normal. Pesquisas nessa área prosseguem, embora até o momento indiquem ser um caso mais de desordem ou desequilíbrio nutricional que fitopatológico.
O desbaste de perfilhos não é indicado em nossas condições. Gastos extras, possibilidade de contaminar as plantas com doenças e possível dano à região de emissão de novos perfilhos, diminuindo a vida útil da touceira, são os fatores que levam a não indicar essa operação. Experimentos e observações de plantas ao longo dos anos têm indicado que, ao menos para o material inerme (origem Yurimaguas ou Benjamin Constant), a própria planta controla o desenvolvimento de seus perfilhos. Existe uma dominância da planta-mãe e, após o corte dessa, dos perfilhos mais desenvolvidos, que resulta em um escalonamento da produção dentro da própria touceira, sem a necessidade de desbaste. Por outro lado, aconselha-se o corte precoce da planta (colheita) que não apresentar perfilhamento até 12 meses após o plantio. Esse procedimento (retirada da dominância apical) induz ao perfilhamento em plantas jovens, mas não tem a mesma taxa de sucesso quando efetuado em plantas mais adultas.
Quando o objetivo é produção de frutos e/ou sementes, o manejo de perfilhos também não deve ser feito. Deixa-se a planta crescer sem desbaste, cortando-se posteriormente alguns estipes em excesso na touceira, utilizando-se para a produção de palmito. Esse processo pode ser usado também em sistemas agroflorestais, nos quais a produção conjunta de frutos e palmito deve ser incentivada como fonte suplementar de renda ao agricultor.
A pupunha não deve ser consorciada com outras culturas no espaçamento aqui recomendado para palmito (2,0 x 1,0 a 2,0 x 1,0 x 1,0 m). No início da implantação, o uso de cultivos anuais pode prejudicar o sistema radicular pela constante necessidade de capinas. Culturas permanentes também não são indicadas, a não ser que se façam plantios em faixa, deixando-se espaço suficiente entre o cultivo escolhido e a palmeira para não afetar o seu desenvolvimento. A pupunha quando sombreada, mesmo que levemente, cresce em altura e não se desenvolve bem em diâmetro, que é o que interessa para a produção de palmito.
No caso de campo a produção de sementes, para qual é recomendado o espaçamento mínimo de 8 x 4m, pode-se plantar outras culturas, anuais ou perenes, desde que não se use capina e que o outro cultivo não sombreie a pupunha. Plantas sombreadas, além de crescerem muito em altura, floresce, e frutificam pouco.
No Brasil, a colheita do palmito é feita entre 18 e 36 meses do plantio, dependendo do solo, clima, espaçamento e adubação. Aos 18 meses o palmito de primeira terá entre 120 a 300 gramas de peso. Aos três anos podem-se colher plantas com até 500 gramas de palmito. Não é recomendável colher-se a idades superiores a essa, pois o maior diâmetro do palmito terá problemas na industrialização (dificuldade em acomodá-lo dentro da lata ou vidro).
Escalonar a colheita de palmito com base no diâmetro da planta (a 50 cm de altura), entre 10 e 14 cm é o indicado. Em condições normais, plantas em primeiro corte alcançam esse diâmetro quando a haste principal está entre 160 e 180 cm de altura. Nos cortes subsequentes o diâmetro de corte será alcançado quando a haste do perfilho a ser colhido tiver entre 180 a 210 cm de altura. O corte raso (todas as plantas do talhão) não é indicado por causar queimadura de folhas nos perfilhos expostos, repentinamente, à condição de maior luminosidade. Recomenda-se o corte alto (deixando-se o máximo de estipe, não aproveitável para o palmito, ainda na touceira) para reciclar os nutrientes aos perfilhos.
O corte do palmito pode ser feito durante o ano todo, porém deve-se evitá-lo na época seca, porque 90% do palmito é água e nesse período ele terá, consequentemente, menor peso. Irrigação antes da colheita ( 2 a 5 dias antes do corte) aumenta a produção e diminui a cor amarelada do produto final. Constata-se também que em regiões com pouco umidade a bainha interna é curta, portanto menos será o rendimento em palmito (seja em peso, seja em volume), porque o comprimento da bainha mais interna é que determina o número de toletes a serem obtidos. Normalmente, são esperados de 3 a 5 toletes de 9 cm de comprimento por palmito.
A periodicidade de colheita por planta é também bastante variável. Nas condições e para o tipo de palmito de maior aceitação entre nós (acima de 2,5 cm de diâmetro), colhe-se um palmito na mesma touceira a cada 8 meses. O palmito sai do campo quase limpo, medindo 60 a 70 cm de comprimento e com apenas 2 a 4 bainhas extras a serem posteriormente descartadas. A perda de água do palmito após a colheita é grande, chegando até 10% por dia.
No Brasil, como a colheita inicial é feita por volta de 18 meses, termina-se o primeiro ciclo após 2 a 3 anos de plantio, sempre dependendo do clima, solo, adubação e tratos culturais adotados. Durante a colheita, deve-se tomar cuidado para não ferir o palmito. Choques mecânicos, tipo queda ou pancada, mesmo sem sinais externos, causam defeitos internos no palmito, comprometendo sua aparência e qualidade. O desbaste ou descascamento prévio, é feito no interior do cultivo e tem como finalidade reduzir o peso e o volume do material a ser transportado para a indústria. O desbaste deve ser cauteloso, evitando-se o corte excessivo das extremidades, pois além das perdas em rendimento, pode-se, em períodos quentes e úmidos, propiciar o aparecimento de podridão. O desbaste deve ser feito apoiando-se a extremidade de baixo (estipe) do palmito bruto sobre as próprias folhas cortadas (já no chão), de forma a evitar o risco de contaminação da peça ou talo, que vai à indústria, com o solo e/ou outros contaminantes.
Todo material descartado (limbos + bainhas foliares e porção não aproveitável do estipe), deve ficar no local para reciclagem. Em climas quentes e úmidos ou em cultivo sob irrigação, a decomposição completa desse descarte não leva mais do que 3 a 4 meses.
O transporte do palmito ainda com 2 a 4 bainhas externas para proteção, deve ser realizado nas horas mais frescas do dia e com todo o cuidado para evitar quedas e pancadas. Umidade excessiva do material, mesmo durante o transporte ou armazenamento externo na indústria, favorece o desenvolvimento de microorganismos, permitindo o aparecimento de podridões.
O processamento do palmito deve obedecer às normas técnicas de industrialização e de envasamento. O Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL), em Campinas, órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, está preparado para orientar as pequenas indústrias. Elas devem, também, obedecer aos critérios estabelecidos pela Vigilância Sanitária Estadual, vinculada à Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo.
O palmito da pupunha apresenta a grande vantagem de não escurecer rapidamente após o corte, o que é comum na maioria das palmeiras usadas para palmito, inclusive o açaizeiro (Euterpe oleracea) e o palmiteiro (Euterpe edulis). Isso facilita o processamento e permite desenvolver outras formas de comercialização do produto. O consumo “in natura” do palmito deve ser incentivado e estudos estão sendo realizados par aumentar a duração pós-colheita. No entanto, como todo produto vegetal, é perecível e deve ser processado ou consumido em prazo máximo de 4 a 7 dias após a colheita. O palmito da pupunha é de coloração mais amarelada que o da juçara e do açaí e possui um sabor característico mais doce.
Como dito anteriormente, irrigação antes do corte ( 2 a 5 dias) aumenta a produção, enquanto seca e adubação recente aumentam a coloração amarelada final do produto.
Não restam dúvidas que, entre as palmeiras utilizadas para produção de palmito de boa qualidade, a pupunheira é precoce e relativamente rústica. No entanto, é uma cultura exigente quanto às características físicas do solo, especialmente compactação e drenagem, necessita adubação pesada para máxima produtividade e correção da acidez do solo a cada quatro anos. A exigência em água do cultivo também é elevada, sendo necessária irrigação quando cultivada em áreas com déficit hídrico. A pupunheira é sensível a algumas doenças importantes do ponto de vista de disseminação e controle, tais como as causadas por Fusarium e Erwinia.
Recomenda-se aos interessados no cultivo dessa palmeira, visitar as instituições de pesquisa que trabalham com a cultura, procurando conhecer a realidade do cultivo (vantagens, desvantagens, solo e clima recomendados, principais problemas, etc.) e se assegurar da idoneidade de vendedores de sementes e viveiristas. Se possível, visitar plantios existentes em regiões edafoclimáticas semelhantes às do local onde se pretende iniciar o cultivo. Em seguida, fazer uma boa escolha da área onde será feito o plantio, iniciando com pequenos lotes. Posteriormente, expandir o cultivo de acordo com o comportamento da planta na região e os objetivos aos quais se propuseram inicialmente.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOVI, M. L. A. Palmito Pupunha: Informações Básicas para Cultivo. Boletim Técnico 173. Campinas, IAC, 1998.
Sobre a Pupunha:
Aspectos Técnicos
Imagens
Veja em detalhes os sub-grupos:
Adubos Verdes
CNPQ
Horta
Horta na Escola
Maracujá
Rochagem
Uva
Viveiro
Projetos que o GAAMA apoia
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