quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

FABRICA DE PALMITO R.L. EM JUQUIÁ

Valdemir Mota de Menezes também é produtor de palmito pupunha.

Margarete Micheletti
Vale

Com capacidade para beneficiar 3.500 hastes de palmito/dia, a Fábrica R.L. em Juquiá está conseguindo processar entre 800 a 1.500 hastes/dia apenas. Isso porque nos últimos dois meses a oferta da matéria-prima começou a se regularizar, segundo informou ao Jornal Regional o proprietário Júlio Souza, no mercado há cinco anos. “A situação estava bem pior, a gente não encontrava produto algum. Agora, já estamos retomando o ritmo e conseguindo até formar um pouco de estoque”, comentou.
Até um ano atrás, a fábrica empregava 24 funcionários. Hoje, o número de empregados caiu pela metade, como também caiu o prazo de pagamento pela matéria-prima no campo: de 30 para 15 dias e, às vezes, o pagamento tem de ser à vista como forma de garantir o produto. Como adquire de pequenos e médios produtores em vários municípios da região, Júlio diz que ainda tem andado bastante em busca de produto para garantir o abastecimento da clientela concentrada na cidade de São Paulo. São cerca de 15 toneladas/mês de palmito comercializadas em açougues, restaurantes, pizzarias e pequenos mercados da capital. “Se estivesse usando toda a capacidade instalada da fábrica, dobraria este volume comercializado”, salienta.
Segundo o empresário, nesta procura por matéria-prima pela região ele tem esbarrado em um problema: a concorrência desleal. “É muito difícil, para a gente que trabalha de forma legal e adequada, competir com a produção clandestina de palmito”, ressaltou, “porque não consigo pagar o mesmo preço que os clandestinos pagam pela matéria-prima”. O engenheiro agrônomo e proprietário da Fábrica Selva, em Registro, Filipe Pedro Messias, também concorda que a concorrência ilegal de palmito pupunha atrapalha o mercado formalizado, mas acredita que a falta de matéria-prima se deve principalmente ao fato da pupunha ter se transformado em um “mercado comprador” nos últimos anos. “O aumento do número de fábricas e a falta de manejo adequado no campo, visando alcançar a máxima produtividade esperada por hectare, provocaram a falta do produto e o não atendimento da demanda instalada”, explicou.
Há sete anos Filipe sucedeu o pai na administração da fábrica registrense que está há 45 anos no mercado e ostenta o título de ter criado a primeira marca de palmito pupunha do País, o Ki-Pupunha. Da produção inicial de 500 hastes/dia, a fábrica pulou para 5 mil/dia, mas ultimamente tem beneficiado apenas 3.500 hastes/dia. “No ano passado inteiro a produção foi de apenas 3 mil hastes diárias por causa da falta de produto”, comentou. Com 50 funcionários, 300 produtores de toda a região cadastrados como fornecedores e uma clientela espalhada pelo Brasil inteiro, a Selva também começou a exportar para a África há dois anos. Mas, no ano passado, quase perdeu esse mercado por falta de matéria-prima. 
 

Rentabilidade | Para Filipe Messias, que preside a Associação Nacional dos Fabricantes de Palmito, é preciso investir na assistência técnica e no manejo da produção regional, para obtenção da máxima produtividade por hectare, além de dotar os produtores de capacitação e informações sobre aspectos que envolvem a comercialização, para que todos os elos da cadeia produtiva conquistem e consigam manter o seu espaço no mercado. “Grande parte dos produtores não se preocupa com a rentabilidade que pode obter por hectare, mas simplesmente com o preço imediato que recebe pela haste de pupunha vendida”, comentou.
De acordo com o empresário, pouco tempo atrás a matéria-prima era comprada por quilo na região. “Com o aumento da demanda e da concorrência, muita gente começou a pagar por haste para conseguir o produto”. Segundo ele, essa prática é insustentável no longo prazo porque a comercialização do palmito processado é feita por quilo. “Como eu posso comprar por haste se eu vendo palmito por quilo?”, questiona. 
Além disso, ele também concorda que é difícil concorrer com os preços que alguns compradores estão pagando pela haste da pupunha por causa de outro fator: o valor do produto final para o consumidor. “A margem que a gente tem hoje com a venda do palmito não comporta um preço maior para o consumidor, em função da competição existente com o açaí, que é mais barato que a pupunha e ainda domina 85% do mercado nacional”. Mas, Filipe Messias acredita que, “devagarinho”, a pupunha tem tudo para substituir o palmito açaí no mercado. “Hoje, já é mais interessante para o pessoal do açaí vender a polpa do que o palmito”, explica.


IV Feira da Pupunha
Com aproximadamente 150 produtores na atividade, a maior área plantada de pupunha do Vale do Ribeira, cerca de 10 viveiros comerciais e outras dezenas de pequenos viveiros de mudas nas propriedades rurais e sete fábricas em funcionamento, o município de Juquiá prepara a IV Feira da Pupunha que será realizada no período de 12 a 16 de setembro. Na programação, além da feira com exposição e venda de diversos produtos da região, acontecerão os eventos técnicos destinados a produtores rurais e técnicos, como o V Encontro de Apicultores, o I Seminário de Bubalinocultura e o II Seminário Estadual de Palmito Pupunha, com palestras sobre produção de sementes, mudas, nutrição e manejo de pragas, doenças e tratos culturais. Para o diretor do Departamento Municipal de Agricultura de Juquiá, Ilso Luiz dos Santos, o resultado positivo da fábrica é alcançado quando o produtor aplica corretamente as tecnologias do manejo e dos tratos culturais. “Por isso, o seminário da feira da pupunha pretende se consolidar como um espaço de discussão destas tecnologias na região”, comentou. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário