Tradicionalmente, a climatização de banana (indução e uniformização da
maturação) é feita utilizando-se carbureto de cálcio, o qual libera o
acetileno, quando umedecido. A técnica consiste em empilhar as pencas,
colocar o carbureto umedecido em volta das mesmas, cobrindo-as com lona
plástica. O inconveniente desta técnica reside no fato de que o
empilhamento causa danos na casca dos frutos pelo atrito entre as
pencas, durante o manuseio. Os danos causados pelo atrito aparecem no
fruto maduro na forma de listas ou manchas pretas, o que deprecia a
qualidade do produto para comercialização.
Nos setores da cadeia produtiva da banana com elevada tecnificação,
utiliza-se o etileno, um gás com vários efeitos sobre os vegetais,
dentre os quais a indução da maturação de bananas. A técnica para
utilização deste gás requer instalações sofisticadas e mão-de-obra
qualificada para a correta dosagem do gás. Estes motivos tornam o acesso
a esta técnica inviável aos agricultores familiares.
Uma alternativa para o carbureto de cálcio é o uso de etefon (ácido
2-cloroetilfosfônico), princípio ativo dos produtos comerciais Ethrel e
Arvest, os quais liberam o etileno na casca dos frutos. Estes produtos
são de baixa toxidez, faixa azul na concentração industrial. Na
climatização são usados em baixíssimas concentrações, inferiores a 1%,
não oferecendo riscos durante o manuseio. Eventuais resíduos que possam
permanecer na polpa da banana não causam intoxicação após a sua
ingestão.
O etefon, substância líquida, é de fácil uso e requer apenas um
galpão simples já existente na propriedade ou construído para tal fim,
água limpa sem salinidade e tanque para a submersão das bananas na
solução de etefon. O tanque pode ser de alvenaria, de fibra de vidro e
de plástico, os quais podem ser substituídos por tonéis. A quantidade de
etefon (produto comercial contendo 240 g/L do princípio ativo) depende
da concentração e do grupo de cultivares de banana.
Para o grupo Cavendish (Nanica, Nanicão e Grande Naine) e Maçã
(Maçã, Enxerto, Caipira), recomenda-se 2.000 mg/L (833 mL para 100
litros de água) e para as cultivares do grupo Terra e Prata (Terra,
Terrinha, Prata, Prata Anã, Pacovan, Pioneira e Thap Maeo), utiliza-se
500 mg/L (208 mL para 100 litros de água). Para o tratamento conjunto
dos três grupos, utiliza-se a concentração mais alta (2.000 mg/L). Uma
mesma solução de etefon mantida no tanque pode ser utilizada por mais de
200 dias, o que reduz o custo com a compra do produto comercial.
Após o despencamento dos cachos, recomenda-se a prévia lavagem das
pencas em tanque contendo solução de detergente doméstico a 1% (1 litro
para 100 litros de água). Esta prática dispensa o uso de espalhante
adesivo na solução de etefon, além de remover o látex (“leite”) que
escorre sobre as bananas após o corte das pencas, o qual causa lesões na
casca que se manifestam como manchas escuras no fruto maduro. A lavagem
com detergente também reduz a ocorrência de doenças. Durante a lavagem,
aproveita-se para remover os restos florais da extremidades dos frutos.
Após a lavagem, as pencas inteiras ou em buquês são submersas na
solução de etefon por cinco minutos. O recipiente deve ser cheio com a
solução de etefon somente até 2/3 da sua capacidade, por exemplo, 700
litros de solução para um tanque de mil litros.
Quando se usa
caixas de papelão, o acondicionamento das bananas é efetuado após a
submersão na solução e evaporação da mesma, para evitar perda de
resistência das caixas ao empilhamento. Para facilitar a operação, o
tratamento é efetuado no próprio galpão de maturação, quando não se
utiliza câmaras frigoríficas com controle de temperatura e umidade do
ar. As pencas ou buquês da camada superior tendem a flutuar. Assim, para
assegurar a uniformidade do tratamento, deve-se utilizar tampa com a
superfície inferior revestida com espuma sintética para manter todas as
pencas ou buquês totalmente submersos na solução.
Para o tanque de alvenaria, utiliza-se uma tampa de madeira com
dobradiças e, para o tanque de fibra ou plástico e o tonel, usam-se as
próprias tampas. A solução destinada à reutilização deve ser armazenada
no próprio recipiente de tratamento, mantendo-o tampado para evitar
perda de solução por evaporação. Apesar de a casca da banana absorver
apenas pequena quantidade de solução, durante os tratamentos sempre
ocorre perda da mesma quando as pencas ou caixas são removidas do
recipiente.
Quando o nível não mais cobrir todas as bananas,
pode-se completar o volume com solução recém-preparada na mesma
concentração da anterior ou reduzir o número de pencas. No caso de se
completar a solução, o descarte da mesma deve ser efetuado 208 dias após
o preparo da solução anterior.
O tempo para obtenção de bananas uniformemente maduras depende da temperatura e da cultivar.
Valdique Martins Medina
Engenheiro agrônomo
medina@cnpmf.embrapa.br
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